quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Sócrates (1971)

Nesse filme Roberto Rosselini(1906-1977) um os mais importantes cineastas do neo-realismo italiano, constrói os últimos dias de Sócrates. O roteiro resulta de atenta leitura rosseliniana do discurso de Platão, já que nada deixou escrito o filósofo Sócrates, o grande protagonista dos diálogos platônicos. A história da morte de Sócrates é por demais conhecida. É condenado à pena capital com a ingestão de cicuta, acusado por ex-alunos, Mileto e Ânito, de corromper os jovens e negar os deuses. Rosselini apropria-se (torna próprio) do discurso platônico, basicamente Apologia ( a defesa de Sócrates), Críton (Sócrates na prisão, visitado pelo amigo Críton) e Fédon (os últimos momentos da vida de Sócrates). Não está ausente, por outro lado, a encenação do processo maiêutico de Sócrates, que se apresenta como a consciência da ignorância ("o que sei é que nada sei") em busca da verdade, que deve ser perseguida por meio da permanente interrogação, oposta à doutrina sofística, dos mestres da retórica que acreditavam tudo saber e só processavam a afirmação. No filme a relação tensa entre Sócrates e o Estado, ainda que o acusado seja um rigoroso cumpridor da lei, é  a metáfora (atemporal) da ética do intelectual versus a ação do poder. Se Platão encenou o teatro socrático, Rosselini o fez com o texto platônico

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